“Eu não quero um romance. Não quero nem o amor. Não quero isso. Essa porra toda. Só fode com a gente e estraga todo o nosso português. Amor quando não é piegas, vira palavrão. Relacionamento quando não vira o “amor da sua vida”, vira o exemplo do porquê não tentar de novo.
Por isso eu não quero. Porque não tem um meio termo, entende? Ou você se dá super bem, morre na overdose da euforia e casa, te
m filhos e um cachorro legal, ou você acaba quebrado, lascado, dolorido, impaciente, intolerante, solitário e com uns três gatos tão carentes quanto você. É triste ter que pular na água gelada ou olhar da areia a galera se divertir. Você não pode só molhar o dedinho do pé. Eu não sei se quero isso. É tão traiçoeiro, você acha que é igual aos filmes, ou pelo menos igual ao casal de amigos super-felizes-apaixonados-e-de -bem-com-a-vida que você conhece desde que nasceu, mas não é não. Tu se arrisca, experimenta e quando vê, está na merda. O pior de tudo é que você até acha normal, porque todo mundo precisa se dar mal pra depois ficar bem, só que comigo não é assim. Eu tenho algum tipo de distúrbio. Só vou até a parte do “se dar mal” e fico por lá mesmo. Sem evolução. E eu não sou o tipo de pessoa que nunca sonhou com um final feliz. Eu já tive meus onze anos e lá, Disneyland era meu futuro. Eu já sonhei em beijar um sapo e casar com o príncipe. E daí? Eu já acreditei mesmo e se você não, que diabos foi sua vida? Só que eu cresci e veio todo aquele papo óbvio. Eu estraguei tudo. Então eu não quero isso. Não quero envolvimento, não quero entrega, não quero entrar na água gelada e morrer feito picolé, não quero me afundar no barco sozinha, não quero ter que lutar mais um pouco. Porque sou medrosa, cagona, e não ando com muito preparo psicológico pra quebrar mais uma vez a cara. Eu não quero me arriscar de novo, e eu quero, pelo menos uma vez na vida, ter a frieza e o dom de poder escolher. Porque eu não consigo controlar as coisas e meus sentimentos. E quando eu pude, escolhi tudo errado. Então eu só não quero perder os sentidos, o comando. Não quero um romance de novela, não quero um filme clássico, não quero um seriado adolescente, não quero choros, não quero perder a cabeça, não quero ter que beber pra esquecer, não quero ter que odiar ninguém, não quero viver agarrada ao telefone esperando uma mensagem, não quero entupir minha mente com a imagem de alguém, não quero ser o “mô” de um qualquer. Só quero não ter que viver isso e, por favor, se há algum tipo de medicamento ou macumba pra não precisar ou sentir falta do amor, me comunique. E caso eu precise, que alguém venha e esfregue esse texto na minha cara até eu entender que caso eu siga adiante, vai dar merda.”
— “Esse é um lembrete.” Gabriela Machado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário